quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Baixem o paninho azul que ela quer ver


Já contei aqui da madrugada que antecedeu a chegada de Morena e o parto cirúrgico.
De manhã, decidimos fazer as últimas fotos da barriga e, subitamente, senti a maior pena pela ausência da minha doula no parto. Aí, liguei para ela cedinho... “Rafa, me explica tudo – estou com medo”.
Ela contou passo a passo tudo o que me aconteceria no hospital – da internação até a chegada ao quarto. Disse que o parto mesmo seria muito rápido e que os pontos levavam mais tempo do que Morena para sair.
Lembrei, também, de improvisar um Plano de Parto ainda antes de sair. Na verdade, o chamei de ‘Planinho de Parto’ pois não era muito extenso e estava organizado em tópicos.
Tomei como exemplo o que havia recebido de uma amiga, alterei dali e daqui e já na mesa lembrei de dizer à médica que havia este documento e que ela o lesse.
Ela leu, me avisou que tinha lido e foi explicando o que, daquilo, já estava acontecendo, como a conversa com o anestesista sobre o tipo de intervenção que estava sendo feita por ele.
Depois da anestesia, senti como se limpassem minha pele com um algodão repetidas vezes. Achei que era isso mesmo que estava acontecendo, mas certamente era o corte sendo feito. Dali a pouco tempo, ouvi a médica dizendo: “Ela quer ver. Baixem o paninho azul que ela quer ver”.
Aí, me deu um medo do que iria ver (sangue, corte) e eu disse: “Não, não é agora que quero ver”.
Mas não tinha mais tempo nem outra coisa a ser vista. O pano foi baixado, minha filha levantada e apresentada a mim.
Nossa, foi tão rápido que me assustei. Por centésimos de segundos não sabia o que fazer. Quem era aquela pequena surgida dos fundos de um tecido azul?
Já com ela no meu colo, entendi. Era minha filha. Minha Morena. Eu havia parido.
Chorei. Fiquei atônita. Devo ter feito um carinho, dado uns cheiros nela. É tão intenso que a memória fica turva. Se não disse ‘Deus te abençoe’, pensei, fiz o pedido. Lembro que mandei o beijo enviado pelo avô que está doente e não pode acompanhar a chegada tão esperada da primeira neta. “Seu avô mandou um beijo, filha”.
E foi a primeira vez que proferi esta palavra “filha” tendo, efetivamente, a minha comigo.
Felicidade!
Nasceu Morena Barbosa Cidrin Gama Alves


Texto escrito em 05/08

Um comentário:

  1. Emocionante, Walzinha!
    (lágrimas nos olhos)
    Que Deus a abençoe e proteja assim como esta família que se consolida com Morena!

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