terça-feira, 6 de março de 2012

O segundo corte de cabelo

Tive que 'objetivar', como sempre aconselha minha irmã Vitória. Estava deixando o cabelo de Morena crescer. A razão? Num primeiro momento, obedecer mamãe, talvez pela primeira vez (risos). É que a ela foi mostrado o video do primeiro corte, com Morena chorando a valer. O coração da vovó quase se despedaçou. Maldade minha, ela achou. Me fez prometer que tesoura nos cachinhos dourados, nunca mais. Aí, o cabelo crescendo. Franjão que, quando não estava sobre os olhos da pequena, estavam mal arranjados com presilhinhas que ela teimava em arrancar e jogar longe. E ela quase criando um tique de passar a mão, arrastando para lá os fios que lhe impediam a visão. Aí, fui marcar horário, com ela junto. E ela reconheceu o local. Não era o mesmo, mas era também um salão. Apontou para a cadeira onde alguém estava sendo recauchutado e disse: Mamãe, Nana. Ou seja, lembrou do dia em que foi comigo e minha sobrinha ao salão. Memória danada! No seu dia, sentou no meu colo, estranhou um pouco os paramentos, fez uns biquinhos, ensaiou um chorinho e, não sei se por coincidência ou não, começou a sorrir e não mais chorou, desde que o pai entrou no salão (que não era infantil porque acho que eles carecem de bom senso e confio no velho e bom Silva, que fez o primeiro corte, com muita aprovação)e ficou por lá, registrando o momento. Problema capilar resolvido, filhota linda. Objetivar é tão difícil, mas o resultado é tão efetivo. Vou exercitar mais esse conselho!

A entrada na escola

Conseguimos decidir. Foi difícil e complexo. Mas optamos por uma escola de pedagogia Waldorf. Não sou especialista em Waldorf. Mas estou pesquisando, aprendendo. O que faltar, espero que a própria vivência na escola, que é uma associação, me traga. Sei que é algo: ame-a ou deixe-a. É preciso acreditar para seguir junto. É preciso se entregar. Vencer medos e preconceitos. Optamos a nos dispor a isso. Quem fez a semana de adaptação foi Fábio. Então, é como se me faltasse algo. Eu queria ficar lá também. Saber o que eles fazem, ver o que eles fazem. E não só ter relatos, segundo os quais, a adaptação dela não poderia ter sido melhor. Mas essa semana eu estou levando a pequena. E a adaptação passa por provações. Diante do "têto" (peito) que ela tanto gosta de mamar, fica difícil dar tchau e dar um beijo, de bom grado. Mas tão logo consigo isso, mesmo um tchau duvidoso e um beijo grudado por lágrimas e melequinha de nariz choroso, tenho a orientação de partir. E fica o lapso. O que acontece lá? Sei o que acontecerá, o que aconteceria, o que aconteceu. Não o que acontece. Hoje eles fariam pão. Como no primeiro dia dela, registrado nas três fotos. É bonito isso de fazer pão. Botar a mão na massa. Levar para casa um pão num saquinho de papel e alimentar também a nós, pais. Tenho refletido sobre o início da vida escolar. A conclusão é de que a adaptação não é só dela. É nossa. Muda nossa rotina. Agora temos horários novos a nos adaptar. Temos mais esse compromisso. E temos a ausência dela por um período. No primeiro final de semana pós seu ingresso na escola, mudanças ocorreram como num passe de mágica. Aos nossos olhos, ela parecia maior. Crescida. Menina. Será que isso ocorreu mesmo? Em segundo lugar, ela estava outra pessoa em relação ao comportamento também. Mais independente, por um lado e mais dependente de mim, por outro. Chorou mais. Teimou mais. Fez mais coisas perigosas e arriscadas. E eu pensei: preciso reaprender a lidar com ela. O que me deixou estressada também. E aí, entender. Buscar as causas. A escola, o crescimento, o ser tirada de casa e empurrada, como no parto, um segundo, para um mundo novo, social, educacional, fora do ambiente doméstico. Paciência mais uma vez como a chave. Inclusive para aturar e entender não apenas as quedas e ferimentos, provocados por ela mesma, como as mordidas (duas), dadas por uma colega um mês mais velha, de outra turma. Na primeira, a professora esqueceu de avisar. Mas eu vi a marca. Na segunda, a marca e o aviso. E a minha cobrança por algo a ser feito. Um comunicado à outra família. A escola é contra. Acha que é fase. Sei que é. Mas que a criança pode não passar por ela ou ser ajudada a passar por ela. Enfim, a primeira divergência entre mim e a escola que escolhi com toda a minha força e crença. Mas que estou apenas começando a conhecer. Continuo apostando nesse relacionamento. Tomara que ao longo do caminho não haja tantas rusgas. Ou que sejam contornáveis, com a 'felicidade geral da nação' de todas as partes envolvidas.