quarta-feira, 10 de junho de 2015

Território do Brincar: um filme para nos fazer pensar. E aprender a brincar

Viagem de carro. Percurso corriqueiro agora, entre Campina Grande e João Pessoa, na Paraíba. Cerca de 120 Km. Eu estava no banco de passageiros, Morena, minha filha de pouco menos de cinco anos, na sua cadeirinha, atrás. Ouvi sua voz, como se conversasse com alguém. Percebi que não falava comigo, mas consigo. Olhei para trás e vi que tinha um semblante de alegria. Não resisti e perguntei o que ela estava falando. “É uma brincadeira que eu inventei, mãe. Para as pedras pequenas, digo ‘pequena’. Para as grandes, digo ‘grandes’”. Meu semblante passou a ser de alegria também e até brinquei de observar o tamanho das pedras na estrada, junto com ela. Fui tomada por uma sensação boa, de contentamento, por ela estar observando as coisas, o caminho, o percurso. Porque fora capaz de inventar uma brincadeira e se entreter e se divertir com ela. De repente, a brincadeira tão simples me dava um aval para a opção de não termos tantos produtos eletrônicos e de não disponibilizar tão facilmente os que possuímos, de não termos o carro cheio de aparelhos de DVD, de oferecer à pequena a oportunidade de olhar para os lados, de ver, fazer conexões, imaginar, criar, inventar uma brincadeira num caminho. Não gosto muito de comparar tempos, infâncias. Vejo que seria impossível para a minha filha viver da mesma forma que eu ou seus avós viveram. Isso é a passagem do tempo, são as mudanças, o futuro, com seus ônus e bônus. Mas acredito, e já escrevi aqui sobre isso, que aparelhos como celular, tablet, dvd, vídeo games podem e devem ser evitados, adiados, postergados, sem que isso signifique qualquer prejuízo a uma criança, principalmente na primeira infância. Mais uma vez cito a pedagogia Waldorf como indutora desse comportamento. Ela que me mostrou a força de panos, tocos, brinquedos simples de pano e de madeira para despertar a imaginação e fazer a criança brincar e, nesse brincar, vivenciar desafios, limites, sonhar, aprender, crescer. Embora tente manter um pouco dessa linha em casa, tomei um choque e senti meus esforços como mínimos ao assistir ao filme Território do Brincar, que felizmente, está sendo exibido em João Pessoa, onde moro há dois meses. Território do Brincar é um projeto (territoriodobrincar.com.br) que ganhou um longa-metragem, feito por Renata Meirelles e David Reeks. Preocupa-se com a expressão mais genuína da infância, como diz o site, o brincar. Na telona, um documentário ou um apanhado de imagens de crianças brincando Brasil afora. Não sei muito sobre a ficha técnica e, nesse momento, não quis pesquisar para não ser sugestionada no que senti sobre o filme. Mas li que as imagens foram capturadas em dois anos. Ali pode-se ouvir alguns diálogos e falas infantis e uma música maravilhosamente bem colocada do grupo mineiro Uakti. É preciso ter humildade para ver a película e constatar que, talvez, nossos filhos não precisem de todos aqueles brinquedos/parafernálias que julgamos que são imprescindíveis e que enchem nossas casas. Sim, já encheram a minha e foi difícil me desfazer de tanta coisa para alguém com tão pouco tempo de vida. E continuam a existir mais na linha ‘educativa’. E fica a pergunta martelando. Mas se não precisam de nosso consumismo e de tantos brinquedos que brincam por elas, do que precisam? Como posso contribuir para uma infância mais livre, criativa e feliz? A resposta que ficou no ar foi de que as crianças precisam de outras crianças, de espaços que possam explorar, de menos vigilância, precisam ficar um pouco com elas mesmas, sem nós adultos, em histeria para contornar desavenças, desarmonias entre elas e seus pares. No ‘Território do Brincar’ o foco não são crianças urbanas. São indígenas, ribeirinhas, quilombola, pobres, pensaríamos,enfim. São crianças inventoras. Como todas seriam se déssemos oportunidades. Brincam em grupos, comumente. A imagem que lembro de uma criança brincando só, foi justamente de uma urbana, que parecia estar em um apartamento, com uma casinha de madeira, que sei muito bem quanto custa. E é alto o valor. Nos sentimos tentados a sentir pena delas, às vezes. Pensamos no excesso das nossas casas e na escassez das delas. Mas seria muito pouco. Acho que elas se sentiriam tentadas a ter pena dos nossos meninos trancafiados, isolados, super monitorados e informatizados. São infâncias. São lugares diferentes de um mesmo tempo que vivemos. É surpreendente a destreza dos meninos e meninas. Manipulam facas, facões, serras, linha e agulha – talham, costuram, empinam e empilham seus brinquedos/criações, sobretudo, liberam sua emoção e inteligência criativa para forjar um mundo com suas próprias mãos. Reusam objetos encontrados em sucatas, no lixo, na natureza. Fazem engenhocas. Nos olhares deles, às vezes percebemos as sinapses acontecendo – quando aparentemente erram – como se houvesse erro no brincar – e retomam do começo, refazem, repensam, resolvem. Concentradíssimos. Campeões estão as brincadeiras de casinha, de cozinhar, até de verdade, de imitar um dia a dia que vivem como protagonistas lá, na telas. Mas nas nossas casas urbanas, penso que são como coadjuvantes, à medida em que podamos sua autonomia e esvaziamos sua condição de crianças. Campeões são as rodas, as cordas, as pipas. Campeões são os sorrisos. Campeão é o imperativo do faz de conta. Do polícia e ladrão. Das armadilhas para pegar caranguejo. O filme não aconselha, não censura, não é uma fábula deixando sua ‘moral da história’. Mas talvez seja. Talvez faça isso mesmo. Com sua maneira sutil, poética, musical, corajosa. Com seus silêncios e falas de crianças. Para mim, continua o desafio: se não precisam de nosso consumismo e de tantos brinquedos que brincam por elas, do que precisam? Como posso contribuir para uma infância mais livre, criativa e feliz? Luz, câmera, AÇÃO!!!!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Sobre lancheira, Bela Gil e nossa própria experiência com alimentação infantil em casa e na escola

No meu tempo se chamava lancheira – o objeto e o que se colocava dentro dele – para alimentar uma criança na escola. Levei a minha pelo tempo necessário e dela não guardo muitas lembranças. O cheiro sim, desse lembro e até com carinho. Um cheirinho quente, de misturas variadas. Mas hoje sou mãe. De uma menina de quase cinco anos. E bem nessa idade, com ela cursando o quarto ano na escola, tive a minha primeira experiência em preparar uma ‘lancheira’. Experiência traumática e que quase me tirou o juízo nos primeiros dias. Não sabia o que colocar, como acondicionar, como variar, como transpor para uma embalagem, a lancheira, o que ela costumava comer em casa, ou na sua escola anterior. Logo, ela me pediu para não levar certas coisas. Estava se sentindo constrangida pelas outras crianças e/ou adultos –não sei ao certo – pelo conteúdo de sua lancheira. A professora rogou a Deus que existissem mais pais preparando lancheiras parecidas. E a demora em uma timidez ou não familiaridade com a escola passou muito por aí, imagino. Para tentar resolver, busquei a própria Morena. Preguei que não poderia deixar de ser ela ou levar algo para comer, porque chamava a atenção dos outros. Se gostava, se queria, ia ter que não se importar com os demais. Não sei se foi uma fala “muito” para uma criança. Mas ela já se sente mais segura. E eu já sofro menos. Algumas coisas que ela adoraria comer, não vejo como mandar. Estamos descobrindo outras e algumas têm se repetido. Penso como num restaurante: uma entrada, um prato principal, uma sobremesa. Aí, ela tem levado frutas, banana natural ou assada, manga, mamão, melão, melancia, uva. Levado tapioca, pão integral, torradas. Castanhas do Brasil e de caju, rapadura, açaí. E coisas que vão surgindo: um bolo ou algo assim. Muitas vezes discuto com ela o que levar. Aí ela inventa: um potinho com geleia, um potinho com Nutela, um potinho com azeite, mel, requeijão, aveia com castanhas raladas. Haja potinhos e espátulas. Haja argumentos para dizer que o azeite vai derramar, que vou tentar achar uma embalagem que dê para mandar tal coisa... Até falta tempo para comer tudo. A professora se impressiona com a precisão com que passa um recheio numa torradinha. Quase pirei com tudo isso, no começo. Agora, me surpreendo com a agilidade com que já cumpro a missão. E ter a participação dela no cardápio é trabalhoso, mas divertido e importante para ambas. Escrevo sobre o assunto embalada na polêmica da lancheira preparara por Bela Gil, para sua filha, Flor. Lendo matérias sobre, pude elaborar melhor o que passei na minha estreia, o que já aprendi e o que ainda é desafio. Minha filha começou a vida escolar em Brasília, em escola que segue a pedagogia Waldorf. Lá, nos dois anos em que fez o Maternal, cada família levava uma feira às segundas, que durava a semana e alimentava toda a turma que, junto à professora, ajudava a preparar a refeição diária. Foi um aprendizado. Era algo de muita responsabilidade. Mas fazer as compras era muito bom. Orgânicos, frutas, verduras, vegetais, grãos, trigo para o pão que quinzenalmente preparavam e ainda levavam para casa. Na época, foi um choque ver a pequena Morena com uma faca na mão, certo dia, cortando batatas. Retruquei. A professora riu. Era só confiar, ensinar, dar autonomia. Comecei a aprender junto. Pouco depois, ela fazia isso em casa. Assim como quebrar os ovos que comíamos. E muitas outras pequenas tarefas. No Jardim, cada família levava o lanche diário para toda a turma. Um cardápio igualmente saudável, variado e querido pelas crianças, que incluía milho cozido, cuscuz, quibe vegetariano. No verdurão que frequentávamos, a dona dizia que ela sabia mais nomes de frutas e verduras do que seu próprio filho, adolescente. Morena vai às compras, cozinha com o pai, que é o cozinheiro oficial da nossa casa e me leva a fazer coisas que nunca tinha feito, como bolos e biscoitos. É levada a testar e descobrir sabores, cheiros, texturas. Sabe que o que está nas caixas é industrializado. Sabe que alguns alimentos contêm muito açúcar, outros, muito sal. E que isso não é muito ‘saudável’. Hoje faz suas próprias receitas. Ao ver que tínhamos batatas cozidas, por exemplo, pediu para não fazer purê, distribuiu as rodelas, pediu azeite, sal, queijo ralado e alecrim, criou sua receita e comeu dela repetidas vezes. Nossa casa não parece ter crianças – no que se refere ao que se convencionou ser uma alimentação infantil. Biscoito recheado, suco de caixa, salgadinhos, açúcar branco, não há. Não a proíbo que prove ou se alimente com eles, em caso de necessidade. Num aeroporto, por exemplo, ou no avião, não é tão fácil encontrar um suco da fruta. Isso moldou o paladar dela – quando está com alguém que come assim e resolve provar alimentos mega industrializados, dificilmente vai até o fim. Estranha o sabor. Mesmo para as famílias mais ocupadas e/ou numerosas não acho que seja impossível fazer um suco da fruta – espremer uma laranja, bater um maracujá, peneirar uma melancia. Fazemos isso desde que ela começou a alimentação complementar ao leite materno, aos seis meses de vida. Ouvi um dia desses um pai dizer que seu filho de seis anos estava viciado em salsicha. E me perguntei: como uma criança se vicia em salsicha? Por intermédio dos adultos, certamente. Bela Gil chamou a atenção para a nossa responsabilidade social, política e todas as que temos como cuidadores, para a questão. Faço o mesmo. Sem falar nas questões de saúde pública, também citadas por ela. Vamos fazer com que nossos filhos se viciem em comidas que possam nos orgulhar e não nos constranger, ao serem citadas - já que somos os vetores dos vícios. Vamos pensar em um corpo frágil, chegando, em desenvolvimento. Do que ele precisa? Qual nosso papel em suprir essas necessidades de forma adequada? Falar a verdade, criar uma cumplicidade, passar informação, sentir o prazer de espremer uma fruta, dar o exemplo, mudar nossos hábitos, compras, deixar a criança colocar a mão na massa – na comida que come, quando começa a fazê-lo, àquela que pode ajudar a preparar à medida que cresce. Na nossa casa tem dado certo.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sobre o aprender sempre. A educar. A educar-se

Posso dizer que minha filha de três anos nunca mordeu ninguém. Talvez tenha dado uns empurrões ou puxado uns brinquedos. Mesmo assim acho que mais a partir de quando passou a conviver com situações assim do que por impulsos ou necessidades próprias. Por imitação, penso, mesmo sabendo que isso pode ser coisa de mãe com olhos mais benevolentes do que deveriam. Nunca a induzi a reagir. A bater para não levar. Ao contrário. Sempre a induzi a entender o que fez o outro (até agora nunca mais velho do que quatro anos), a desculpar, isso considerando que haverá um pedido de desculpas (o que nem sempre acontece), a dizer que não se pode fazer isso e o que o legal é ‘carinho’. Não sei se isso está certo ou errado. Penso se não ensino passividade. Posso também estar ensinando pacificidade. Prefiro. Também não tenho certeza se essas coisas são ensinadas. Tanto no sentido de serem feitas como no de serem evitadas. Ou se partem da personalidade de cada um, contrariando quaisquer lições de amor ao próximo. A parte que menos gosto – a partir do momento em ainda que bebês, os pequenos passam a interagir mais – é intervir em momentos potencialmente tensos. Às vezes, tento fazê-lo antes de algumas reações dos pais. Esses sempre mais ferozes e com capacidade e disponibilidade de morder, empurrar e puxar brinquedos – só com palavras e olhares – muito maior do que as crianças. E geralmente dirigidas ao filho alheio. Fui aprendendo com a prática, com a literatura, com conselhos, a ficar mais leve nessas horas. Mas faço também o que acho certo. Dia desses, numa festa infantil, vi de longe a minha pequena forçando um brinquedo da mão de outra bem menor. Fui lá porque não achei certo que ela fizesse isso. Fui lá com medo da mãe da outra bem menor. E ela disse, meio brusca: “Ela não fez isso. Fica fria”. E saiu levando a filha, com medo de que fosse contagioso o meu comportamento tão bélico – essa foi minha interpretação. Mas eu tinha visto o que tinha acontecido, sabia que a minha tinha feito aquilo, sim, e, para mim, ela quis passar a ideia de mãe muito ‘cabeça’, coisa que efetivamente não foi, ao afastar-se de nós e a tentar apagar algo que fora real. Embora possa não ter tido a gravidade com que enxerguei, já na minha visão preventiva das coisas. Hoje, evito, conscientemente, parquinhos e afins. Missões que meu marido encarna melhor que eu, pois ou não está tão atento a essas sutilezas, ou não as enxergaria ou tem outra forma de lidar com elas. A minha pequena chora com dor profunda quando essas coisas acontecem. Assusta-se. Sinto, sem saber se novamente invento, que é algo mais que a dor física. É um sentimento de traição que a invade. Como assim, receber uma mordida se estava brincando, se nunca fiz isso, etc... Sei que talvez não elabore tanto assim. Mas o jeito com que chora me faz pensar isso. Eu tento aplacar a dor dela e desejo que os cuidadores da segunda criança façam algo também, ou seja, procuro não reparar o comportamento da segunda miúda envolvida. Mas percebo que sempre mando um recado. – Filha, diz a ela que não pode. Diz pra ela pedir desculpas. Coisas assim. A isso, uma mãe respondeu à minha filha: - Diz a ela que você não gostou. E eu gostei dessa abordagem. É melhor pensar em si, do que apontar algo para o outro. É melhor aprender a se colocar a partir do que ocorre internamente, do que ignorar isso, atento apenas ao outro. Não sei se isso foi fruto de alguma percepção de que essa forma seja mais construtiva para uma criança, ou se foi acaso. Como a mãe em questão é uma pessoa muito especial e está sempre em busca do autoconhecimento, aposto que é a primeira opção. Mesmo se não for, me ensinou. Eu aprendi. A fazer esse direcionamento para a capacidade de falar com o outro, dizer o que sente, ser sincera. Acho, e mais uma vez não sei se estou inventando, que é uma forma de aprender a não engolir sapo, a ter uma resposta rápida, não uma que fira, mas que reflita uma verdade própria. São coisas que me fazem falta. E daquelas coisas que a gente quer que sejam diferentes com nossos filhos. Tomara que eu esteja no caminho certo...

terça-feira, 6 de março de 2012

O segundo corte de cabelo

Tive que 'objetivar', como sempre aconselha minha irmã Vitória. Estava deixando o cabelo de Morena crescer. A razão? Num primeiro momento, obedecer mamãe, talvez pela primeira vez (risos). É que a ela foi mostrado o video do primeiro corte, com Morena chorando a valer. O coração da vovó quase se despedaçou. Maldade minha, ela achou. Me fez prometer que tesoura nos cachinhos dourados, nunca mais. Aí, o cabelo crescendo. Franjão que, quando não estava sobre os olhos da pequena, estavam mal arranjados com presilhinhas que ela teimava em arrancar e jogar longe. E ela quase criando um tique de passar a mão, arrastando para lá os fios que lhe impediam a visão. Aí, fui marcar horário, com ela junto. E ela reconheceu o local. Não era o mesmo, mas era também um salão. Apontou para a cadeira onde alguém estava sendo recauchutado e disse: Mamãe, Nana. Ou seja, lembrou do dia em que foi comigo e minha sobrinha ao salão. Memória danada! No seu dia, sentou no meu colo, estranhou um pouco os paramentos, fez uns biquinhos, ensaiou um chorinho e, não sei se por coincidência ou não, começou a sorrir e não mais chorou, desde que o pai entrou no salão (que não era infantil porque acho que eles carecem de bom senso e confio no velho e bom Silva, que fez o primeiro corte, com muita aprovação)e ficou por lá, registrando o momento. Problema capilar resolvido, filhota linda. Objetivar é tão difícil, mas o resultado é tão efetivo. Vou exercitar mais esse conselho!

A entrada na escola

Conseguimos decidir. Foi difícil e complexo. Mas optamos por uma escola de pedagogia Waldorf. Não sou especialista em Waldorf. Mas estou pesquisando, aprendendo. O que faltar, espero que a própria vivência na escola, que é uma associação, me traga. Sei que é algo: ame-a ou deixe-a. É preciso acreditar para seguir junto. É preciso se entregar. Vencer medos e preconceitos. Optamos a nos dispor a isso. Quem fez a semana de adaptação foi Fábio. Então, é como se me faltasse algo. Eu queria ficar lá também. Saber o que eles fazem, ver o que eles fazem. E não só ter relatos, segundo os quais, a adaptação dela não poderia ter sido melhor. Mas essa semana eu estou levando a pequena. E a adaptação passa por provações. Diante do "têto" (peito) que ela tanto gosta de mamar, fica difícil dar tchau e dar um beijo, de bom grado. Mas tão logo consigo isso, mesmo um tchau duvidoso e um beijo grudado por lágrimas e melequinha de nariz choroso, tenho a orientação de partir. E fica o lapso. O que acontece lá? Sei o que acontecerá, o que aconteceria, o que aconteceu. Não o que acontece. Hoje eles fariam pão. Como no primeiro dia dela, registrado nas três fotos. É bonito isso de fazer pão. Botar a mão na massa. Levar para casa um pão num saquinho de papel e alimentar também a nós, pais. Tenho refletido sobre o início da vida escolar. A conclusão é de que a adaptação não é só dela. É nossa. Muda nossa rotina. Agora temos horários novos a nos adaptar. Temos mais esse compromisso. E temos a ausência dela por um período. No primeiro final de semana pós seu ingresso na escola, mudanças ocorreram como num passe de mágica. Aos nossos olhos, ela parecia maior. Crescida. Menina. Será que isso ocorreu mesmo? Em segundo lugar, ela estava outra pessoa em relação ao comportamento também. Mais independente, por um lado e mais dependente de mim, por outro. Chorou mais. Teimou mais. Fez mais coisas perigosas e arriscadas. E eu pensei: preciso reaprender a lidar com ela. O que me deixou estressada também. E aí, entender. Buscar as causas. A escola, o crescimento, o ser tirada de casa e empurrada, como no parto, um segundo, para um mundo novo, social, educacional, fora do ambiente doméstico. Paciência mais uma vez como a chave. Inclusive para aturar e entender não apenas as quedas e ferimentos, provocados por ela mesma, como as mordidas (duas), dadas por uma colega um mês mais velha, de outra turma. Na primeira, a professora esqueceu de avisar. Mas eu vi a marca. Na segunda, a marca e o aviso. E a minha cobrança por algo a ser feito. Um comunicado à outra família. A escola é contra. Acha que é fase. Sei que é. Mas que a criança pode não passar por ela ou ser ajudada a passar por ela. Enfim, a primeira divergência entre mim e a escola que escolhi com toda a minha força e crença. Mas que estou apenas começando a conhecer. Continuo apostando nesse relacionamento. Tomara que ao longo do caminho não haja tantas rusgas. Ou que sejam contornáveis, com a 'felicidade geral da nação' de todas as partes envolvidas.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Bailinho de carnaval

No nosso carnaval oficial não houve. Ficamos quietinhos, nos arredores de Brasília. Mas hoje, quinta-feira, pós-carnaval, participamos, Morena, eu e Fábio, da festinha carnavalizante das aulas de musicalização. Sair de casa foi estressante. Suposto atraso (eu botei na cabeça que o evento era às 9h mas era às 9h30), adereço que some em cima da hora e ninguém acha, opção de não parar para comprar a frutinha para o lanche coletivo, ainda por causa do suposto atraso. Mas lá, como no carnaval, tudo virou festa e todo o resto esquecido. A fantasia da pequena foi a vaquinha já apresentada aqui no blog e todos os alunos estavam lindos. Havia princesas e várias outras figuras do universo infantil. Uma infinidade de personagens para garantir, com fantasia, a fantasia da meninada. Sobre a presença das princesas foi inevitável refletir. Eu gosto da vaquinha porque é uma roupa super divertida e confortável para as crianças assim, quase bebês. Além do mais, desde que vi uma entrevista de uma especialista em saúde mental dizendo que as meninas quando adolescentes se metiam em enrascadas porque eram criadas ouvindo que 'eram princesas' e, como tal, esperavam viver um conto de fadas, fiquei com medo das princesas. Sempre digo a Morena: Menina, você é menina! Exagero? Não sei. Como muitas mães, evito a ligação da pequena com personagens Disney e so on. Pretendo assim, tanto quanto for possível. Quero que ela mesma faça essa escolha quando puder fazê-la. Minha irmã Vitória mandou fotos do pequeno Vini com fantasias parecidas com a de Morena, de bichinhos. Mais elaboradas, claro. É isso! Aos pequenos, o reino animal! P.S: Clique sobre a foto para ampliá-la.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nós, Brasília, Ana Maria e as fotografias

Revisitei Brasília. Conheci Brasília. (Re)conheci Brasília. Desconheci Brasília. Isso ao lado de minha sobrinha Ana Maria que veio passar uns dias. Isso geralmente também ao lado de Morena que só não fez a visita guiada ao Congresso Nacional. Foram dias maravilhosos. Tínhamos sempre o compromisso de fazer um passeio pela cidade, à tarde, quando eu chegava do trabalho. Algumas vezes o lugar nos surpreendeu para o bem. Noutras de forma negativa, por estar fechado, quebrado, pela forma amadora com a qual fomos recebidas. Mas no balanço foi ótimo. Foi ótimo para mim, que fui fisgada pela vontande de continuar a vida com esses olhos de turista que peguei emprestados de Ana nesse período. Foi ótimo para Morena que foi apresentada a vários lugares e obras de arte e se comportou, nem precisa dizer, super hiper maravilhosamente bem. Usamos seu novo carrinho de passeio e ele quebrou um galho enorme. Nele, ela até visitou lugares sem precisar acordar rsrsrs (O carrinho foi barato, é leve, sem grandes tecnologias mas totalmente apto ao que se propõe e ao que eu propus a ele). Foi ótimo para o trio eu, Morena, Ana e eventualmente ao quarteto, quando Fábio se juntou a nós. Olhando as fotos agora, vejo que andamos um bocado. Gosto de olhar as fotos (quase sempre feitas por Ana Maria) e me investir de crítica de fotografia ou de arte e, enxergar no 'trabalho' de Ana, qualidade, novidade, um futuro promissor. Vejo ainda identidade e assinatura. Já seria capaz de identificar entre diversos, os cliques dela. E as opções que faz entre todos os ângulos e paisagens possíveis dizem muito dela. Dizem o que nem consigo decifrar. O que ainda vai falar por ela. Ana Maria é discreta, silenciosa e certeira em suas observações. Tem gestos leves, delicados e sutis. Seus recortes fotográficos umas vezes seguem essa linha e noutras são o oposto, nos surpreendendo. Surpresas que tem a tendência de aumentar, com ela se dedicando mais e mais ao ofício. Em tom de despedida ainda e de gratidão, quero dizer que foi muito bom ter essa visitante cheia de talento, aqui conosco. Ah, e as fotos que revelam tudo o que falei acima, ela guarda a sete chaves. Mas também podem ser conferidas no Projetc 365, que ela mantém no Face Book.