quinta-feira, 15 de setembro de 2011

As mina, os mano. Os mano, as mina

No trabalho de Fábio não só ele, mas outros três colegas que lidam diretamente com ele são pais (dois) de bebês e um está na expectativa da chegada do seu primeiro pimpolho.
Estive com os dois que já são pais e com Fábio em algumas ocasiões, na viagem à Natal. Achei muito interessante que além da relação profissional eles tenham esse ponto em comum. Pois volta e meia estão trocando experiências sobre os filhotes, contando das venturas e eventuais desventuras de sua paternidade.
Isso dá a eles um back ground que os tornam (mais) capazes de lidar com qualquer bebê – Morena se beneficiou do carinho à flor da pele dos dois, além do papai e de lidar melhor com tudo, acho, pois estão mais sensíveis e aptos a ser solidários, a criar empatia, a se colocar no lugar do outro.
É um quarteto que anda tricotando sobre natação para bebês, empregadas domésticas, alimentação e outros quetais muito comuns em rodinhas femininas. Eu mesma tenho me autodeclarado apta apenas para falar de maternidade e casa.
Não é um sinal dos tempos esses colegas de trabalho abrirem espaço em suas agendas para compartilhar da vida em família? Só isso lhes dá uma pecha de que são especiais, de que estão acima da média no tratamento historicamente dispensado pelos homens aos filhos e esposas e às esposas com filhos pequeninos.
Já aqui, no meu trabalho temporário, estou ladeada por quatro mulheres que se dizem estar por algum motivo (idade, saúde, cobrança do companheiro, vontade própria) pensando em gerar um bebê.
O que se sobressai nesse pré delas? Medo.
Aos poucos fui entrando na conversa, super empolgada com o tema, lógico. E com uma vontade imensa de ter a palavra certa para dissipá-lo.
É claro que o medo deve ser comprovadamente a primeira sensação quando a gente sabe do ‘positivo’ de um exame para confirmar a gravidez. Também eu passei por isso.
Mas ele, foi o que pensei, não pode fazer com que essas meninas adiem ou desistam da possibilidade de se tornar mães e, principalmente, de se apoderar e tirar proveito da maternidade, diferente, sim, da paternidade e por isso mesmo tão assustadora num primeiro momento.
Dá medo? Dá!
Dá trabalho? Só respondi sim a essa pergunta muito recentemente e sempre posso repensar.
A vida muda? Muda. Mas a gente nem sente tanto. Porque a gente muda junto, a gente já estava mudada desde a fecundação e a vida pode mudar para melhor, pois a gente entra num universo muito grande e bonito: o do amor e seus cuidados.
Pode ser machista ou feminista, mas como muitas coisas de âmbito doméstico, acho que mais essa responsabilidade (a de fazer com que tudo caminhe melhor) é mais da mulher.
Fazer com que a vida não mude tanto ou mude mais pra melhor, fazer com que o marido não nos oprima com sua liberdade (real e intrínseca da sua condição de homem que não gera, não dá à luz e não amamenta), fazer com que ele fique mais junto de nós e do pimpolho, antes e depois do nascimento, ‘capacitá-lo’ para isso, pode ser algo que nossa boa vontade consiga e que precisemos fazer para não nos sentirmos tão apartada ou com a vida tão mudada.
Mas com toda a modernidade, com as conquistas das mulheres, com as próprias conquistas desse quarteto feminino que me ladeia, elas mesmas cheias de conquistas para comemorar, senão não estariam aqui, exercendo sua profissão, ser mãe só muda de endereço.
Muita coisa não é possível mudar. E essa é a melhor parte. Somos nós que temos o útero, que geramos, que parimos. Nós somos e podemos ser as mães. Que tal aproveitar esse privilégio e fazer uma nova criaturinha, curtir todas as dores e delicia disso, deixar nosso corpo chegar ao seu máximo, deixar nossa alma chegar ao seu máximo?
E viver cada medo a seu tempo, deixá-lo chegar, ficar, passar...
Com que palavra eu rebateria o ‘medo’? Com ‘informação’.
Ela pode dar outra dimensão e muito mais prazer a uma futura mãe.
Meninas, daqui, de uma cadeirinha a ser ocupada por poucos dias por mim, desejo de coração que o medo se transforme em esperança (não me contive em usar essa frase) e a esperança se materialize em um filho ou filha que dê a oportunidade de vocês viverem o medo na prática e descobrir que ele é suplantado por um monte de coisa encantadora, diariamente.
Ou não.
Vai saber.
Risos.

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