segunda-feira, 7 de junho de 2010

Desdobramentos diabéticos

Emagreci. Oficialmente 1kg entre uma consulta e outra (intervalo de quase um mês). Nas minhas contas uns três quilos. Se isso é bom?
Sim, para a médica e para Morena. Pois significa que eu consegui evitar algumas coisas mais ‘engordativas’ e me manter na dieta que pode afastar riscos maiores para a minha condição de diabética.
Mas andei sofrendo. Mesmo. Andei sentindo fome. Andei com a barriga literalmente roncando.
A nutróloga me receitou uma dieta de 1.600 calorias. Segui-la me trouxe impaciência, tristeza, desejos, fome. Acompanhar o nível de açúcar no sangue com o glicosímetro, por outro lado, me trouxe contentamento. E esse era o objetivo. Os índices estão controlados, o que não deixa de ser uma vitória.
Agora já consigo burlar um pouco a dieta. Já aprendi, também, que não devo ficar com fome. Mas ir acrescentando coisas possíveis quando for tomada por ela.
Assim, me acalmei um pouco e já consigo pular as coisas proibidas sem tanta revolta. Os planos para o pós-parto, no entanto, só aumentam. Todo dia acrescento algo à lista do que vou querer comer imediatamente, muito, com fúria, com ganas. O primeiro item são os mini-churros do Fran’s Café. Tem um crepe com porção extra de chocolate. Tem torta de banana. Tem cachorro-quente. Tem lasanha. Nossa, quero muito comer sem restrições.
Mas a médica já advertiu que as restrições são para a vida toda – para prorrogar a chegada da condição perene de diabética. Indicação dada por esta gestacional.
Ela também recomendou que eu ‘virasse atleta’. E desde já, agregando à ioga e ao pilates, as caminhadas diárias. Mas não gosto mais de caminhar carregando uma barriga de 30 semanas. As contrações de ensaio ou de Braxton Hicks surgem toda hora e me sinto ainda mais pesada. A vontade de fazer xixi também é mais freqüente. Sem contar com o frio matinal. São desculpas, eu sei. Vou tentar passar por elas também para poder dar mais esse reforço às medidas preventivas de algo pior.
A partir de agora as consultas serão quinzenais e vou ter que monitorar semanalmente a minha Morena, por meio de perfil biofísico fetal e de ecografia. Precisamos acompanhar também o crescimento dela e garantir que não fique muito grande. Para evitar esse crescimento não saudável, já fui informada de que devo fazer cesárea entre a 37 e 39 semana. Isso, sim, foi um grande choque. Pois quando andei me preparando para o parto natural sabia que como dizem ‘parto bom é o que você consegue ter’. Mas a decepção desta mudança que sempre me achei preparada para evitar, veio. Veio com lágrimas. Veio forte.
Sei que muitas pessoas não aceitariam ouvir isso, que iriam em frente – há relatos até de parto domiciliar com mãe diabética. Mas eu não iria tão longe. Conheci uma pessoa que teve que ir parir em São Paulo – foi o único lugar onde ela conseguiu alguém que quisesse esperar os sinais de trabalho de parto e a tentativa de um parto natural antes da cirurgia. Só dessa forma ela conseguiu.
O que tenho tentado fazer é ouvir uma segunda opinião. Mas como está difícil. Só encontro horários para consultas para muito depois do que poderia esperar sem que minha filha nascesse, de um jeito ou de outro.
Como já disse, sigo tentando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário