quinta-feira, 28 de outubro de 2010

99 não são 100

Mamãe sempre lembra de uma expressão que diz que se você faz 99 não faz 100, de nada adianta.

Senti isso hoje nitidamente como uma realidade a ser levada a sério.

Eu já andava muito atenta, sempre fui, claro, com os cuidados com Morena que agora, face ao seu crescimento, já demandavam novas atitudes e atenção redobrada.

Tinha lido na revista Crescer que a partir dos 4 meses usar a cadeirinha do carro ou bebe conforto para transportar o bebe fora do carro era desaconselhado bem como estacionar o equipamento a altura dos olhos.

A reportagem citava que nos EUA, anualmente, havia cerca de 9 mil ocorrências com bebes envolvendo o uso incorreto da cadeirinha. Assim, eu já estava mais criteriosa no seu uso.

Também li em obra escrita em inglês e emprestada por minha irmã Vânia uma frase que, de tão enfática, tinha ficado na minha cabeça e eu estava procurando segui-la: Em hipótese alguma se afaste do bebe deixando-o sozinho quando estiver trocando sua fralda.

A explicação eram os movimentos dessa idade que a qualquer momento podiam nos surpreender.

Pois bem, hoje como havia um evento político na porta do flat onde estou hospedada em Joao Pessoa, itinha ido desde cedo para a casa da minha irma com o propósito de ir dormir lá. Para Morena que, aqui no apartamento dorme no berço desmontável, eu estava levando o carrinho, onde ela dormiu no seu primeiro mês de vida.

Mas eu já tinha percebido que ela vem apresentando, de madrugada, uns movimentos bruscos como se estivesse com dor, mexendo-se demais e aparecendo de manha no lado oposto do que dormiu, lá na outra ponta.

Parece que esqueci de tudo e a deixei dormindo no carrinho sem tomar nenhuma medida de segurança, tipo apóia-la ou fechar o cinto. Pedi para minha sobrinha olha-la e ela alertou que achava que Morena estava numa posição estranha, diferente.

Eu ia conferir, mas deixei para daqui a pouco enquanto terminava uma missão no computador. Terminada a missão passei a atualizar o blog pois já passara da meia noite e já era aniversario de três meses da pequena, o mesário (descobri esse nome ontem na loja de artigos de festa).

Realmente me desliguei da filhota, confiando-me que estava tudo bem. Até ouvir – pasmem – um barulho, seguido de um choro que eu já sabia: era de medo, era de dor.

Senti que ela tinha caído apesar de ter a esperança que não e de rezar para realmente isso não ter acontecido. Gritei para minha Irma: Léla, venha, venha. Acho que Morena caiu e eu não tenho coragem de ir lá.

Valéria entra no quarto atônita e sai com uma bebe chorando nos braços e a confirmação da queda.

Ai que dor gigante me deu. Passou tanta coisa na cabeça, imaginei minha pequena escorregando até o chão, imaginei o quanto podia ser grave, o quanto eu havia sido negligente em não espia-la por um bom tempo.

Dei o peito para acalma-la. Apalpamos seu corpo e sua cabeça para ver se respondia com choro indicando alguma pancada mais grave. Ainda colocamos gelo na testa porque criamos um galo que depois descobrimos inexistente.

A bebe se acalmou, silenciou, sorriu, balançou as pernas.

Pedi o seu perdão.

Chorei.

Agradeci a Deus e ao anjo da guarda da pequena.

O meu coração foi voltando pro tamanho original – ficou mínimo naquela hora de pavor.
Vi que, em se tratando de crianças, o 99 é pouco, é vão, pode ser inútil.

Nossa atenção, nossa previsão, nosso cuidado tem que ser 100%, em 100% do tempo.

Peguei um taxi e voltei para o flat. Agora só o barulho da desmontagem de barracas, palanque, garis varrendo a imundície.

A pequena dorme no seu berço.

Pode se virar, rolar, bater as pernas em sua bela marcha.

Dessa vez, está 100% protegida.

Amem!

Feliz aniversário filha minha.

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