Mamãe sempre lembra de uma expressão que diz que se você faz 99 não faz 100, de nada adianta.
Senti isso hoje nitidamente como uma realidade a ser levada a sério.
Eu já andava muito atenta, sempre fui, claro, com os cuidados com Morena que agora, face ao seu crescimento, já demandavam novas atitudes e atenção redobrada.
Tinha lido na revista Crescer que a partir dos 4 meses usar a cadeirinha do carro ou bebe conforto para transportar o bebe fora do carro era desaconselhado bem como estacionar o equipamento a altura dos olhos.
A reportagem citava que nos EUA, anualmente, havia cerca de 9 mil ocorrências com bebes envolvendo o uso incorreto da cadeirinha. Assim, eu já estava mais criteriosa no seu uso.
Também li em obra escrita em inglês e emprestada por minha irmã Vânia uma frase que, de tão enfática, tinha ficado na minha cabeça e eu estava procurando segui-la: Em hipótese alguma se afaste do bebe deixando-o sozinho quando estiver trocando sua fralda.
A explicação eram os movimentos dessa idade que a qualquer momento podiam nos surpreender.
Pois bem, hoje como havia um evento político na porta do flat onde estou hospedada em Joao Pessoa, itinha ido desde cedo para a casa da minha irma com o propósito de ir dormir lá. Para Morena que, aqui no apartamento dorme no berço desmontável, eu estava levando o carrinho, onde ela dormiu no seu primeiro mês de vida.
Mas eu já tinha percebido que ela vem apresentando, de madrugada, uns movimentos bruscos como se estivesse com dor, mexendo-se demais e aparecendo de manha no lado oposto do que dormiu, lá na outra ponta.
Parece que esqueci de tudo e a deixei dormindo no carrinho sem tomar nenhuma medida de segurança, tipo apóia-la ou fechar o cinto. Pedi para minha sobrinha olha-la e ela alertou que achava que Morena estava numa posição estranha, diferente.
Eu ia conferir, mas deixei para daqui a pouco enquanto terminava uma missão no computador. Terminada a missão passei a atualizar o blog pois já passara da meia noite e já era aniversario de três meses da pequena, o mesário (descobri esse nome ontem na loja de artigos de festa).
Realmente me desliguei da filhota, confiando-me que estava tudo bem. Até ouvir – pasmem – um barulho, seguido de um choro que eu já sabia: era de medo, era de dor.
Senti que ela tinha caído apesar de ter a esperança que não e de rezar para realmente isso não ter acontecido. Gritei para minha Irma: Léla, venha, venha. Acho que Morena caiu e eu não tenho coragem de ir lá.
Valéria entra no quarto atônita e sai com uma bebe chorando nos braços e a confirmação da queda.
Ai que dor gigante me deu. Passou tanta coisa na cabeça, imaginei minha pequena escorregando até o chão, imaginei o quanto podia ser grave, o quanto eu havia sido negligente em não espia-la por um bom tempo.
Dei o peito para acalma-la. Apalpamos seu corpo e sua cabeça para ver se respondia com choro indicando alguma pancada mais grave. Ainda colocamos gelo na testa porque criamos um galo que depois descobrimos inexistente.
A bebe se acalmou, silenciou, sorriu, balançou as pernas.
Pedi o seu perdão.
Chorei.
Agradeci a Deus e ao anjo da guarda da pequena.
O meu coração foi voltando pro tamanho original – ficou mínimo naquela hora de pavor.
Vi que, em se tratando de crianças, o 99 é pouco, é vão, pode ser inútil.
Nossa atenção, nossa previsão, nosso cuidado tem que ser 100%, em 100% do tempo.
Peguei um taxi e voltei para o flat. Agora só o barulho da desmontagem de barracas, palanque, garis varrendo a imundície.
A pequena dorme no seu berço.
Pode se virar, rolar, bater as pernas em sua bela marcha.
Dessa vez, está 100% protegida.
Amem!
Feliz aniversário filha minha.