quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Série Sustos - Episódio I

Sábado fomos, eu e Morena, almoçar no Terra Viva.
Na volta, coloquei a pequena, a bolsa dela e as minhas coisas, incluindo o celular, dentro do carro, quando ouvi o barulhinho da trava. Ou seja, eu não tinha sido rápida o suficiente para acomodar tudo, todos e dar partida.
Eu ainda estava fora do veículo, quando ela já estava bem fechada nos cintos da cadeira, do carro e dentro do próprio carro. Até aí, tudo bem.
Cliquei no alarme, o que resolveria a questão abrindo novamente a porta.
Mas isso não aconteceu. Era o carro de Fábio e um defeito no aparelho já era problema de longa data.
Eu até evitava usá-lo e já tive uma unha quebrada apertando-o.
Então, pensei que era só caprichar no aperto.
Mas caprichava e nada acontecia.
O alarme não tocava, o carro não abria.
Fui suando frio. Ficando desesperada e me sentindo na obrigação de não passar isso para Morena.
Entre apertões desesperados e vãos, eu sorria para ela, fazia uma gracinha, dava tchau. Mas para mim
era evidente que ela já estranhava aquela demora, nunca antes experimentada. E isso aumentava meus suores e
sofrimentos.
Vi um homem estacionando perto e pensei que era por ele que ia chamar.
"Dois pensam melhor que um", repetia mentalmente.
Daí, notei que o cara demorava para aprumar o veículo e, depois disso feito, demorava para sair.
Percebi que ele estava assustado comigo e tentando enrolar para não se envolver na situação.
Essa percepção me fez decidir: Você não vai fugir.
Aí, o chamei mais de uma vez. Pois ele queria fazer cara de paisagem. Eu não deixei.
A essas alturas, o alarme tocava pois eu tinha tido a idéia de abrir a mala para tentar me aproximar de Morena.
Não deu certo porque a mala não tinha comunicação com o espaço interno.
Aí, veio o homem. Desconfiado. E eu dizendo: minha filha está aí, não consigo abrir o carro pelo alarme, não quero
passar meu desespero para ela, o carro é do meu marido... Frases desconexas que tinham a missão de fazê-lo confiar em
mim, me ajudando, consequentemente e, também fazê-lo entender o que estava acontencendo.
Ele perguntou placidamente: Você já abriu o carro com a chave?
Pronto. O céu se abria. Minha alma se desanuviava.
Não sei porque não tinha pensado nisso, já que abrira a mala.
Quando tive acesso ao celular, liguei para Fábio, lógico, contando o ocorrido e perguntando se ele tinha alguma dica
para fazer o alarme parar de soar. Ele, placidamente, me mandou apertar o aparelhinho. Já pensou? Eu já beirando o colapso mental e ele ainda orientando a coisa mais óbvia e que tinha falhado, dando origem ao meu quase colapso mental.
Bom, agradeci mil vezes ao moço. Acalmei Morena que já dava mostras de um chorinho e saí Asa Norte adentro, apitando
como uma bandida que acabara de roubar o próprio carro.

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