domingo, 5 de junho de 2011

Mamaço nacional - tem aqui também

Hoje é dia de mulheres 'arrastarem' (o termo foi usado por um colunista da Folha de São Paulo em artigo sobre o mamaço) seus bebês por aí, botarem os peitos para fora e alimentarem seus filhotes, como mães, como mamíferas, como fêmeas, como generosas pessoas que não deixam faltar o alimento ao seu irmão, nesse caso, seu filho ou filha.

O babado aconteceu - uma mulher foi orientada a não dar de mamar ao seu filho em público, mas recolhida, em uma importante instituição cultural paulistana.

Muito (e muito absurdo e besteira) e muito (e muita coisa legal, inteligente,pertinente) se falou sobre isso.

Eu não quero ser mais uma a dar voz ao tema. Quero dizer que pra mim o buraco é mais embaixo. É a tal 'crise de cuidados', conceito trabalhado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, pelo menos no governo passado, quando atuei na assessoria de comunicação de lá. E o que seria? Depois explico, que estou no hotel, fechando malas para fazer check out e irmos a Brumadinho, conhecer Inhotim, maior museu a céu aberto do mundo.

Isso explica por que não irei ao mamaço de Belo Horizonte, por que não estarei no de Brasília. Mas meu coração materno, brasileiro, estará nos dois, em todo o país e onde houver uma mãe alimentando seu filho, seja no espaço público ou privado.

Noto que as crianças são seres, como tantos outros, que tem certa invisibilidade por parte da sociedade. Por isso, vamos aos lugares e não há trocadores, por isso saímos de casa e ouvimos barbaridades de quem não conhecemos sobre levar um bebê para a rua, por isso somos convidadas a faltar com eles, por estarmos em uma instituição cultural paulistana.

Os bebês são pessoas, nós também. Eles devem nos acompanhar, se preciso for, normalmente, naturalmente, tendo uma infraestrutura que os conforte, e uma sociedade que os enxergue como sua parte, como na Suíça, como me conta me irmã que tem um bebê lá.

Por que aqui é assim? Por causa de tão decantadada figura da babá, da empregada. Ah, deixe seu bebê em casa, não queremos vê-lo, nem a seus seios, não queremos saber se seu filho existe, ele trancadinho está melhor. É assim que tem que ser.

Sou a favor de um selo (vamos meninas Ishtar? ou não sei se já existe) para os lugares 'baby friendly', também nãos sei se escrevi certo agora. Mas algo assim: meu lugar, meu estabelecimento, minha casa, fica feliz em receber seu filhote e tem estrutura para isso, como trocadores. Arrastem-nos para a rua. TAmbém é o lugar deles.

Ótimo MAMAÇO para todas!

Amém!

Um comentário:

  1. Lindas e sábias palavras de uma mamífera empoderada!
    Sentiremos sua falta por aqui!
    Beijo... Sylvana

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