domingo, 12 de setembro de 2010

Ter filho não é só poesia. Dá trabalho

A frase veio de minha irmã Valéria talvez incrédula com minha forma de lidar com a maternidade ou de transformar várias experiências nos textos postados no blog e que possam ter levado à idéia de poetizar tudo.

Mas não é bem assim. Verdade. Dá trabalho. Por vezes no final do dia, minha carne treme, para aproveitar o nome do filme. Sinto-me extenuada, pois como disse em outro texto, quando a gente acha que o bebê estabeleceu um comportamento padrão, incluindo horários, ele resolve mudar tudo.

A mudança mais trabalhosa de Morena se refere ao fato de, muitas tardes terem sido passadas no binômio colo/peito e o que não estiver aí ser choro. Aí, a coluna não aguenta. E os nervos às vezes também não. Embora eu procure entendê-la e participar desses seus momentos com muita compreensão, inclusive de que são fases. Em compensação, ela só tem acordado uma vez por noite (benza Deus).

No entanto, o maior trabalho está mesmo em ouvir as interferências, comentários, julgamentos e cobranças das pessoas. Tenho desenvolvido quase uma síndrome do pânico em relação a isso e tenho notado que até evito as pessoas ou algumas interações.

É muito difícil nesse sentido ser mãe e pai pois é incrível a necessidade que as pessoas tem de falar, de intervir, de querer mudar o que fazemos, ignorando que somos os pais, ignorando que a experiência é a nossa, que a vida é a nossa, que essas são nossas possibilidades, nossos valores, nossas crenças.

Eu vou ouvindo, aguentando, minimizando. Mas às vezes digo a Fábio: Hoje cheguei no limite. A próxima pessoa vai ouvir... Infelizmente sou mais calma do que gostaria em alguns momentos e vou guardando ao invés de explodir mesmo ou de dar respostas... Por isso já estar desenvolvendo uma certa patologia que chamei de 'quase síndrome do pânico'.

Sempre tem alguém dizendo algo e, infelizmente, quase nunca algo edificante, encorajador, algo que respeite a forma como a gente lida com nossa filha e com nossa vida.

Desde os banhos de sol (resolvi ir de óculos escuros para não encarar ningúem), até passeios com os amigos - nada escapa.

Já disse aqui que tentamos seguir, tocar a vida, incluindo nossa relação em algo que não seja apenas em torno da maternidade e sendo - tipo sair para tomar café da manhã fora. É uma mão de obra - seria mais fácil talvez ficar em casa, mas como disse alguém, Morena veio conhecer a vida e não só nossa casa.

Na rua os olhares são implacáveis. E o que devia fazer era ignorar mas não consigo de todo sem me sentir assim invadida.

Vamos seguindo a vida, lógico, e quando é necessário, a família faz programas legais fora de casa como ir ao Beirute (procurando minimizar danos como fumaça de cigarro ou à festa de aniversário do Café da Rua 8, o Salve a Pátria. Também sempre vamos ao Biscotos Mineiros, comprar mil biscoitinhos e afins.

Mobilidade é a palavra!

2 comentários:

  1. Sou totalmente solidária a essa sua forma de pensar Wal! A gente escuta cada coisa... Que Deus nos livre!Lembrei das priemiras reuniões de pais na escola, Gui com 4 anos ,ouvia mães falarem : Meu filho já lê escreve e fala inglês...È superdotado ! E eu ficava achando que o meu não estava se desenvolvendo normalmente.kkkkkk Hoje vejo quanta bobagem são tais comentários. E é bem humano né! Morena ainda vai dar a vcs tantas outras e mais alegreias...deixemos os comentários pra lá!

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  2. Wal é assim mesmo...Quase não saio com Saul porque não sei dirigir e nem sempre o pai está disponível ou o programa convida, mas volta e meia saimos, embora também venha "olhares implacáveis" como que dizendo "judiação está com essa criança batendo perna..." Aff. Lembro que em julho fui a Igreja com Saul, todo agasalhado e tal mas gente que eu nem sabia quem era me parava pra dizer que era muito novinho pra está saindo ( ele tinha mais de 2 meses) e que ali tinha muito virús...aff. Quase que dizia: "você, virús do pessimismo?" Mas tudo bem, a gente vai driblando! rsrs E no fim a poesia prevalece.

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