sexta-feira, 23 de julho de 2010

Descobrindo o corpo

Uma das descobertas ou dos processos mais incríveis dessa gravidez foi entender, desvendar, descobrir o meu corpo além do que já havia ocorrido até aqui.

Desde a conversa inicial com a minha doula e fisioterapeuta fui apresentada ao corpo humano de uma outra forma, com foco em tudo o que é envolvido mais diretamente na gestação, em especial, o assoalho pélvico e outros músculos que passamos a exercitar em duas sessões semanais de pilates, além do 'dever de casa', feito muitas vezes na bola suíça que ganhei de Fábio.

Mais tarde, quando passamos a conhecer melhor a 'fisiologia do parto' e após encontros sobre a temática, leitura e filmes, pudemos entender - e nos encantar com - a orquestração que o corpo faz unindo hormônios, músculos, órgãos, ossos e cartilagens, em nome do parto natural, ativo, normal e seu momento sublime, a expulsão do bebê.

Agora, praticamente seis meses depois do início dessa preparação estamos também nos preparando mais efetivamente para a chegada da nossa Morena.

A novidade desses dias foi o uso de dois aparelhinhos que eu desconhecia. Um deles é inserido e inflado na vagina para alongar o músculo. É muito bom ter a oportunidade de sentir um pouco do que seria ter a cabeça e o corpo do bebê naquela região. Assim, a sensação passa do desconhecido, que amedronta, para o minimamente mais conhecido, que acalma. Depois, ainda é possível treinar o movimento de expulsão também do aparelho, como se ele fosse o bebê chegando.

O outro aparelho testa o quanto está forte esse músculo ou o assoalho pélvico pois é feito justamente para isso - uma escala luminosa nos diz o quanto conseguimos contrai-lo, o que dá para comparar com o pós-parto e guiar os exercícios desse momento. Eu até ganhei os parabéns pelo meu 'condicionamento físico'.

Outra coisa que faz parte dessa preparação final é uma massagem perineal com óleo de gergelim, que tem como objetivo tentar evitar a episiotomia, principalmente a de rotina (que me dá arrepios).

Engraçado que saber da massagem e da possibilidade de fazer uso dos aparelhos me assustou um pouco no primeiro momento e passei alguns dias até me considerar pronta para eles, o que demonstra essa falta de intimidade que cultivamos muitas vezes.

Mas ao me sentir pronta, experimentei justamente o contrário, a sutileza que há quando permitimos nos conhecer e quebrar barreiras que vem junto a uma educação que nos torna estanques em relação a nós mesmas.

Bom, dessa forma, tenho a sensação confortável de estar aproveitando a experiência da maternidade para além da concepção e do parto como estágios únicos e ímpares - começo e fim. Entre estes dois pontos estiveram e estão meses, semanas e incontáveis mistérios - que os ligaram e fizeram a linha de um tempo de magia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário