quinta-feira, 3 de março de 2011

Nós fomos - Acordes do Rádio - 90 anos do violão brasileiro

Era terça-feira. Dia também do CineMaterna mas optei por ir ao CCBB, no horário alternativo, 13h, entrada gratuita, para assistir ao show de Eustáquio Grilo e Vânia Bastos.
Estava um pouco tensa com relação ao comportamento de Morena e, num primeiro momento, pensei até que podíamos ser barradas pois não sabia as regras do local quanto à presença de uma bebê.
Como nos deixaram entrar sem nenhum tipo de questionamento, passou a valer a regra velada: se chorar, saimos do recinto.
Pensei em sentar atrás em local estrategicamente perto da porta. Mas resolvi sentar lá na frente mesmo, primeira fila, para que ela pudesse se entreter visualmente com a performance dos artistas.
Ela sentou no chão, quis ficar em pé, andar comigo segurando-a, brincar. Mas fez tudo isso no maior silêncio possível para alguém de sua idade. Na verdade, deu uns gritinhos bem na hora do intervalo.
E bem quando estávamos recebendo elogios de uma mãe sentada perto que tinha um bebê da mesma idade, alguém gritou: "Saiam! Por que vocês não saem?"
Eu morri. Acho que mudei de tamanho, de cor, de postura, de estado de espírito - de alegre e satisfeita para triste, humilhada, revoltada, até.
Sai uma voz covarde do escuro, dando palavras de ordem a mim e a minha filha, imaginei que eram para nós e achei isso muito injusto.
A pequena se comportou melhor do que os que deixaram celular ligado, do que quem pediu à cantora que apresentasse à banda antes que ela terminasse o show.
Mas ao final a própria cantora elogiou a pequena que, realmente, teve comportamento digno de elogios.
E fiquei irritada porque no final todo mundo veio falar comigo sobre Morena, claro, brincar, elogiar, etc e pensei que a 'inimiga' podia estar entre essas pessoas, exercendo a falsidade.
Também perguntaram se Morena era filha da minha amiga, da produção, que a segurou por uns instantes - e essas que fizeram isso, tinham me cumprimentado - pela presença da pequena - pelo menos três vezes durante o show, para depois, achar que ela era filha da primeira pessoa de pele mais clara que eu.
Outros perguntaram se ela era filha de alguém da produção, se era família dos artistas.
Enfim, fiquei tão em estado de choque com tudo - a tal inabilidade das pessoas de conviverem com um bebê, de verem-no fora do espaço doméstico que, só hoje, consegui falar sobre isso.
Há também uma vontade em mim de não me sentir na berlinda, de não me deixar abalar sobre os comentários sobre o nome da pequena e insinuações de que eu não sou sua mãe.
Agora tem também uma moda de perguntarem o nome dela. Respondo: Morena. E a pessoa: O nome dela? Morena?
Dá vontade de dizer (e até já disse uma vez): Sim, o nome dela. Não foi isso que você perguntou?
Qual o direito que alguém tem de, não me conhecer, perguntar o nome da minha filha, receber uma resposta gentil e, frente a ela, fingir um ataque cardíaco?
Ai meus sais!!!

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