quarta-feira, 23 de março de 2011

Falando outra vez de morte...

Ao comprar a revista Crescer de março mostrei a Fábio a capa, dizendo com entusiasmo que aquela edição tinha sido feita pensando em nós. E ele perguntou a que matéria eu me referia.

As chamadas principais da capa eram: 10 passos para seu filho comer bem (a que tinha chamado minha atenção) e "Mãe para onde a vovó foi?" (que chamou a atenção dele).

A preocupação dele me fez pensar na situação que vivíamos e o motivo de estarmos em São Paulo no carnaval: a doença do pai dele e o desenrolar de tudo, que fez nossa estada de alguns dias, se transformar em duas semanas.

Nossa visita ao avô de Morena foi a última vez em que o vimos. A nossa visita a ele tornou possível que participássemos dos seus últimos dias de vida, seus últimos instantes de lucidez, seu velório, seu enterro que aconteceu, inclusive, no dia do meu aniversário de 35 anos, diluindo minhas reflexões sobre essa data.

A matéria da revista chegou a me ajudar, a que falava sobre morte. Ela dizia - essa foi a parte que me serviu - que não há regras sobre a participação das crianças na passagem dos entes queridos e que os pais ou responsáveis deveriam seguir as crenças religiosas da família para tomar decisões a respeito.

Assim, Morena esteve no velório, no enterro, nas missas, lá e aqui, em Brasília. Minha irmã ficou um pouco chocada. Disse que os filhos já bem grandes, só tinham ido ao cemitério pela primeira vez no ano passado.

Mas achei que, com eles crescidos, essa escolha é mais difícil. No caso de Morena, praticamente não tínhamos escolha. Já estávamos em outro estado, vivendo momentos difíceis e sem praticamente opção, a não ser levá-la sempre conosco, inclusive em razão da amamentação.

Não fomos obrigados a achar um jeito de falar sobre morte, nem responder onde foi o vovô - ainda. Nem eu mesma sei julgar se foi correto fazê-la nos acompanhar. Mas acho que sim.

Se for para ver nisso um lado bom, ela viu e foi vista pela família, deu boas risadas brincando com as pessoas.

A vida é assim.

Agora, o que nos cabe é, quando for o tempo, falar não da morte mas da vida do seu avô, da pessoa que foi, do amor que a ela dedicou.

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