sábado, 27 de agosto de 2011

A dor e o dilema da volta ao trabalho. Depoimento do histórico dia 15 de agosto

Hoje me senti perdida, vazia, pequena, frágil, indefesa e insegura.
Hoje eu me apresentei a um novo empregador, depois de ficar um ano com a pequena e um pouco mais que isso sem trabalhar.
Foi tudo rápido demais. Não pude me preparar e nem podia renegar a chance, até por ter chegado em hora que estamos de cintos apertados. Seria justo que eu negasse a minha participação na gerencia da casa nesse momento?
Não pude me preparar internamente e nem na infraestrutura para acolher a filhota na minha ausência e na de Fábio.
Improvisamos o cuidado e partimos. Eu prum lado, ele pra outro, em outra cidade.
Tanta coisa me passou pela cabeça. Tanta vontade de desistir. Tanta pergunta sobre o que vale. Tanto desejo de saber se feriria ou decepcionaria alguém se desistisse.
Tanta vontade de saber se é querer demais ter um emprego de meio período, com bom salário, ficar o outro em função dela. E isso tudo sem concurso rsrsrs
Ensinar uma pessoa a ficar com Morena exigiria que ela lesse o tanto que eu li, que sentisse o que eu sinto, acreditasse no que acredito, respeitasse a pequena como eu faço.
Aliás, como nós. A parceria entre mim e Fábio na educação dela é bem afinada, embora haja divergências ainda.
Impossível, portanto.
O que eu diria a essa pessoa?
Nossa filha é um sujeito de direitos e é assim que a enxergamos.
Cada olhar dela, cada dedo apontado, cada gesto, cada balbucio, tem um significado que buscamos entender.
Damos a ela liberdade para agir, com vigilância para agir sem ser vitima de sua inocência, das limitações da sua idade.
Ela escuta música, participa da leitura de livros, brinca, passeia.
Não escuta palavras rudes, nem julgamentos, nem sugestionada a ser isso com aquilo por que alguém diz que é assim, nem é assustada ou ameaçada com lendas e histórias de bicho papão e do cachorro vai te pegar.
Ela é geralmente calma, faz uma bagunça pra comer, dá uns gritos altos, mas a gente exercita a paciência extrema.
E quem poderia agir assim com ela, além de mim, além de nós?
Sofri demais ao constatar que delegaria os cuidados a outro alguém.
Parecia algo impossível, algo intransponível.
Mas cheguei em casa e ela estava tranqüila com a cuidadora. Depois cheguei de novo e ela dormia sem o peito. Na paz. Depois, ela brincava.
E, assim, vi que era possível.
O emprego não saiu. Deu errado. Mas serviu para que eu preparasse em mim o caminho do próximo e que ele venha logo e venha para nos fazer o bem. Apenas o bem.

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