Cicatriz, na região central do ventre, resultante da queda do cordão umbilical; apresenta-se, normalmente, como depressão arredondada, com pequenas pregas entrantes; às vezes, entretanto, forma uma saliência por processo hernioso.
O conceito de um dos nossos dicionários para a palavra ‘umbigo’ está aquém do que ele significa para uma mulher grávida.
Acho que até ficarmos grávidas (e, portanto, é um entendimento inalcançável para os homens), o umbigo é apenas um detalhe do corpo, que não merece muita atenção.
O formato do umbigo, seu tamanho, sua localização, podem até ser motivo de traumas, de troças entre amigos. Tirando isso, em geral, ele passa despercebido. Ou não.
Hoje o umbigo tem servido de indispensável porta-trecos, como piercings e afins. É ele a parte do corpo que muitas mulheres gostam de exibir, por meio de suas (poucas) roupas.
Mas o umbigo é mais do que isso. Sua história é nossa história. Sua existência representa que sobrevivemos à gestação.
Cortá-lo significa que estamos do lado de fora do mundo e que, por fim, podemos respirar por conta própria, testar a capacidade de nossos pulmões, até então, sendo maturados.
O umbigo nos colocou aqui – foi por ali que roubamos nossas mães, ou melhor, que ela nos transmitiu tudo aquilo que precisamos para passar de uma célula a um ser humano completo e complexo.
Foi por causa dele que elas, as mães, viveram seus primeiros medos. Como cuidar de um umbigo ferido, cortado, a cicatriz enfim? Como dar banho no bebê sem macular aquela fissura? Como trocar as fraldas, respeitando a lembrança do cordão umbilical?
É pelo corte dele, do cordão umbilical, que as mães sofrem também. O que era tão seu, grudado, colado visceralmente, agora está à parte, visível. Agora é do mundo.
É por não se conformar com esse apartar-se que muitos – mães e filhos – carregam pelo resto da vida comportamentos que não condizem com sua condição de unos, de indivíduos porque ainda se sentem ligados pelo cordão há tanto rompido.
É ele, o umbigo, que centraliza nosso equilíbrio. Quando engravidamos e damos a oportunidade a outro de ter seu próprio umbigo e ligar-se a nós por meio dele, perdemos nós mesmas o equilíbrio. Por causa disso, somos aconselhadas a não usar salto alto, a não dançar em meio a muita gente e a nos acostumar com dores na coluna e a um ‘andar de pata’.
Todo mundo quer fazer dele, do seu, o centro do universo. Isso, claro, depois de sentir-se dono do próprio umbigo.
O umbigo (Mário Quintana)
O teu querido umbiguinho,
Doce ninho do meu beijo
Capital do meu Desejo,
Em suas dobras misteriosas,
Ouço a voz da natureza
Num eco doce e profundo,
Não só o centro de um corpo,
Também o centro do mundo!
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