domingo, 23 de maio de 2010

A história da 'etes'

No meu pré-natal ouvi muito a médica dizer que lutávamos contra a sombra da diabetes gestacional que, poderia aparecer um pouco mais à frente.Havia fatores de risco como a minha mãe ser diabética e minha irmã Vitória ter tido barrigas enormes e bebês grandões. Nem sabia que outra irmã, Vânia, tinha tido o problema por duas vezes e nem lembrava que meu avô paterno também fora diabético.

Eu até consegui internalizar os conselhos e, mesmo ouvindo anjo e diabinho por cima do ombro, não me furtei a comer os chocolates que meu corpo pedia – bem mais do que o consumo anterior à gravidez.

Também fiquei adepta do que chamo ‘comida de criança’: massa, estrogonofe, lasanha, bolos, biscoitos - guloseimas. Mas nunca achei estar extrapolando, principalmente por meu peso ter se mantido absolutamente dentro dos padrões do 1 kg a mais por mês.

Eis que na vigésima quarta semana chega a hora, então, do exame de praxe que mediria a curva glicêmica. Aliás, uma péssima experiência, como já narrei. E vem o primeiro susto: intolerância à glicose. Também já contei que não consegui de imediato a avaliação médica para o exame e passamos alguns dias criando diagnóstico e alimentando ‘macaquinhos no sótao’ em relação às taxas apresentadas.

Mas era isso mesmo. Uma intolerância que devia ser respeitada com mais cautela na alimentação e checada com um exame mais completo em que a curva foi medida por três horas e seis coletas de sangue. A parte boa é que houve apenas a ingestão de glicose por via oral uma vez só.

Também essa só consegui que fosse feita alguns dias depois de entregue o resultado. Otimista, achei que não estava fazendo uma leitura correta dos valores. Realista, vi que eles apontavam para o pior e, arrependida, parei de comer quase tudo, chegando a emagrecer dois quilos em poucos dias.

Quando tive a confirmação da médica estava em viagem – essa MG/PB. E não pude me deter em detalhes de como me portar. Só sabia que devia evitar a clássica dobradinha doces/massas. O que julguei conseguir até chegar até chegar a João Pessoa, porque não me contive diante das delícias que vi por lá.

Algumas vezes passei mal além do calor. O coração disparado. O desfalecimento. E passei a ser torturada pelo fato de não saber o que acontecia ao meu corpo. Ouvia a médica dizendo, entre outras coisas que, em caso de diabetes gestacional, poderia acontecer morte fetal.

E passei a não me perdoar de antemão. Morte fetal? Por causa da minha inabilidade em comer? Maldita comida – pensava. É muito triste o diagnóstico de diabetes. Não chorei como me contou que fez uma leitora amiga. Mas questionei profundamente nossa relação com a alimentação e, a minha própria relação, nos últimos meses. Maldisse cada chocolate, cada sobremesa, cada pão ingeridos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário