domingo, 23 de maio de 2010

A história da 'etes' – Parte II

Também passei por uma fase de tentar culpar a médica. Ora, se realmente a alimentação poderia evitar um problema como esse, eu deveria ter sido melhor advertida. Aceitaria até terrorismo, chantagem, ameaça. Aceitaria, sobretudo, a sugestão, no princípio do princípio, de ter procurado o acompanhamento de uma nutricionista.

Fábio lembrou do texto dela em todas as consultas. As advertências. E fui obrigada a concordar que, conselho houve e, mesmo não sendo de graça, eu não os ouvi, nem segui. Mais uma vez, nem culpas nem culpados. Só escolhas.

Duas semanas após o diagnóstico consegui ser consultada por uma especialista. Ainda esperava que ela titubeasse, que me mandasse repetir o exame. Mas ela só corroborou com o resultado. Indicou que eu procurasse uma nutricionista. Enquanto isso, aconselhou o abandono da clássica dupla (sempre ela) massas/doces. Sugeriu que as brancas fossem trocadas pelas integrais. E outros pormenores.

E, o mais importante, recomendou a compra do ‘glicosomêtro’ e o acompanhamento dos níveis de açúcar de dois em dois em algum dos três momentos do dia: jejum, duas horas após almoço e ao deitar.

Isso sim foi importante para eu não me sentir entregue à própria sorte, sem saber como se comporta o pâncreas e essas células que não conseguem lidar mais com a glicose (estudando sobre).

É que no evento em que trabalhei passei pela medição por duas vezes e as taxas estavam altas. Mas se eu estava ‘regimando’, o que mais fazer? Desespero. Desespero. Comecei a entrar naquela paranóia de querer que a minha filha mexesse a todo momento e a interpretar cada descanso seu como a possível e maldita ‘morte fetal’. Isola.

Bom, na endocrinologista também tive a notícia de que a tireóide apresentou taxas incompatíveis com a gravidez. Vou repetir o exame e, se também se repetir o resultado, terei, segundo ela, que tomar um comprimido. Sem ele, o desenvolvimento da bebê fica comprometido. E volta a frase da amiga: Você não está parecendo grávida. Está parecendo uma doente.

Tudo bem, tudo bem. Não vou entrar numas de que ‘por que comigo?’. E, como digo em outro texto, como não sou outra coisa, não refuto a alopatia que me ronda oferecendo ajuda (?).

Entendi apenas a complexidade contida em fabricar gente. A matéria-prima somos nós mesmas. Não o barro. Mas nossa carne, nosso sangue e seus componentes. Nisso não há soma. Só subtração. Divisão. A soma está apenas no amor que nos permite ser subtraídas na maior felicidade e generosidade possíveis. Sem cobranças.

A mais triste das tristezas de se estar diabética é o comprometimento dos meus planos de parto. Mas sobre isso ainda não tenho certezas. Só palpites. Continuo seguindo. Continuo...

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