quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eu não nasci de óculos

Talvez por eu ter sido já alguém pouco afeito às crianças.
Talvez por eu saber que elas às vezes são realmente impertinentes.
Talvez por meu excesso de zelo.
Talvez por ter visto uma pessoa solicitar troca de lugar no avião ao
avistar que se sentaria ao lado de uma criança, no caso, Morena.
Talvez por ter lido que cada vez mais lugares, incluindo hotéis, restaurantes,
empresas aéreas, decretam proibição à presença de infantes.
Talvez por instinto de auto-preservação.
Talvez por saber que não devo contar com a ajuda das pessoas em situações extremas tipo pegar as malas pesadas na esteira do avião com um bebê no sling e bagagens de mão despencando de todos os lados ou fazer o prato no restaurante self service com Morena no braço.
Talvez para tentar evitar a chance de alguém dizer: "É sua? Branca assim?" Ou "Cadê a mãe dela?"
Por tudo isso e muito mais, ando percebendo que em algumas situações, eu me ponho
tão 'emmimmesmada' que sou incapaz de saber quem está do lado.
É para que mesmo? Também ando me perguntando.
É para não ver olhares de soslaio, julgamentos, falta de solidariedade.
Mas assim, percebi, perco os olhares de carinho e afeto, os não-julgamentos
e um tantão de solidariedade.
Hoje no Terra Viva, cheguei com Morena em horário de restaurante lotado,
sentei numa mesa com algumas pessoas já e não queria cumprimentá-las
nem saber se achavam desagradável almoçar com uma bebê.
Quando resolvi olhar para a frente e dizer olá, encontrei um gentil pai
de dois filhos que me contou sobre prazeres e desprazeres das tentativas
de fazer com que eles se alimentassem bem.
Na última viagem também foi assim.Vi de relance que meu companheiro
mais próximo era um engravatado que, imaginei, estaria achando
o "ó" fazer uma viagem de negócios ao lado de um bebê (ela geralmente
se comporta super bem, não chora, etc. Mas tem 15 meses e a gente
nunca sabe o que pode acontecer). Esse mesmo homem, daqui a pouco,
começou a brincar com ela e a me contar que tinha dois filhotes, um de três anos
e um de dois meses e meio e, que o maior jamais se comportara tão calmamente
como Morena.
É isso. Mais amor, menos rancor, como me aconselhou meu irmão.
Vou tentar.

P.S.: Por falar no Terra Viva, Morena está quase profissional na arte de
se alimentar por lá. Derrama quase nada, come um monte, hoje provou (e cuspiu)
jiló. E já come sozinha. Lá, eu ponho a comida no seu garfinho e deixo ele lá, esperando
por ela. Em casa, ela já come sozinha mesmo. E se eu coloco a comida no garfo, ela tira tudo
com os dedinhos, e põe por conta própria. Que tal?

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